6 MAI 19H - Igreja de São Vicente

15 Janeiro Teatro Garcia Resende

SINOPSE
É costume ancestral guardar um conjunto de objectos num recipiente fechado hermeticamente, na esperança de dar ao futuro uma leitura do presente depois deste se ter tornado passado.
Cinco artistas e 10 habitantes da cidade de Évora, sobem a um palco para criar uma cápsula do tempo com dez objectos, que será reaberta daqui a vinte e cinco anos. Esta tarefa transporta-nos, inevitavelmente para um lugar de reflexão, onde se questionará até a pertinência da criação da própria cápsula
A escolha dos objectos tenta buscar uma real representatividade do colectivo em palco, mas prende-se, a cada tentativa, com questões cada vez mais pessoais e mais íntimas enquanto tenta manter a imparcialidade e a ética. O espectáculo só termina com unanimidade da escolha dos objectos e a deslocação ao exterior do Teatro onde a cápsula será enterrada.
A Cápsula do Tempo será enterrada no dia 15 de Janeiro, nas traseiras do teatro Garcia Resende, em Évora e desenterrada no mesmo dia do ano de 2047.
Ficha técnica e artística
Concepção e direcção artística de Vanda R Rodrigues
Co-criação e texto Afonso Cruz
Co-criação e fotografia/video Tatiana Saavedra
Co-criação e música Pedro Alves Sousa
Co-criação e assistência de direcção Mariana Ferreira
Co-criação e dispositivo cénico Miguel Moreira /Jorge Rosado
Apoio Câmara Municipal de Évora
Parceiro institucional Fundo de Fomento Cultural
A câmara desdobra-se em posições diferentes e alimenta-se de emoções reais, através de uma presença activa na ação, sobretudo para nos focarmos na capacidade humana da relação com o outro e com as suas próprias emoções. Os planos escolhidos são metáforas e mensagens, ora distantes ora em tempo real, capazes de mostrar perspectivas cénicas que sem uma câmara não seria possível comunicar: os rostos das pessoas e as suas micro expressões, a linguagem corporal, as indecisões e decisões.
Pedro Sousa, responsável pela composição sonora do espectáculo trabalhará conceitos transversais a toda a equipa, como comunalidade e partilha, divergência e convergência, som vs silêncio, o significado da passagem do tempo e a perspectiva pessoal da mesma.
Uma das formas sobre a qual manifesta estas ideias é através da construção e composição de loops tocados em máquinas de fita reel to reel. Este formato, quando assim trabalhado e apresentado, ganha características temporais e estéticas específicas, que se definem mediante a lenta mutação que o loop adquire através do tempo, e como a nossa perspectiva do som também se altera com o mesmo. A fita, como matéria física, sofre alterações com cada passagem do loop, e é análoga a um contínuo temporal e à ideia de como a memória se processa, altera e degrada.
Este será, por isso, um objecto documental irrepetível - um happening mais do que um espectáculo - que só pode ser feito uma vez.
Da estreia no Teatro Garcia de Resende restará a cápsula, entretanto enterrada nas traseiras do edifício e uma placa comemorativa a assinalar a sua localização.

Descrição do Projecto
O Projeto terá a duração aproximada de 5 meses, ao longo dos quais decorrerão a seleção de participantes da comunidade e o processo criativo. Será desenvolvido entre Lisboa e Évora e culminará com a apresentação no Teatro Municipal Garcia de Resende (Évora).
Neste “espetáculo” todos os intervenientes estarão em palco, incluindo aqueles que normalmente são invisíveis. Quem movimenta as luzes? Quem compõe a música? Quem grava o vídeo? Quem é o público desta cidade? Tentaremos responder a estas perguntas enquanto fazemos a mais importante de todas: o que colocar dentro da cápsula?
O que nos interessa nesta criação é aplanar as hierarquias e os protocolos frequentemente associados à ideia de um espectáculo de teatro. Artistas, técnicos, público são, aqui, elementos com a mesma importância conceptual. Trata-se de democratizar a presença, a participação e a criação em busca de uma solução comum coletiva.
Procuramos aglutinar as experiências e perspectivas partilhadas pelos elementos que constituem a equipa, digerindo essa informação e trabalhando na transversalidade das suas ideias subjacentes.
Tatiana Saavedra, realizadora e fotógrafa, ao invés de simplificar este espectáculo, vem agudizar a realidade e adicionar camadas através de um dispositivo cinematográfico em dois tempos: o do arquivo documental recolhido durante todo o processo, em sobreposição, ao material recolhido em tempo real durante o próprio espectáculo em live streaming , numa dimensão que junta o passado e o presente.